O que preciso saber para saltar pela primeira vez nos EUA? Por Mariana Paraguassu

Acabou o seu curso AFF e está pensando em programar aquela viagem pros EUA? Esse é o primeiro objetivo de qualquer manicaca recém-formado, treinar no túnel de vento que todo mundo fala e claro, pagar menos da metade do preço por salto é um sonho.

Quando Anderson e eu nos formamos também fizemos isso, nos juntamos com alguns amigos e dois instrutores e passamos cinco dias em Eloy, no Arizona, foi uma experiência incrível,  importante para dar aquele gás e fazer com que nos empolgássemos ainda mais com cada habilidade melhorada. Mas atenção, se você não for junto com alguém que já saltou nos EUA e conhece bem como funciona, seguem algumas dicas valiosas para não passar aperreio em outro país.

Licença –  Você vai precisar estar licenciado para saltar em qualquer área americana, isso quer dizer que antes de viajar você precisa ser pelo menos Categoria A (25 saltos) e ter o cadastro atualizado na CBPq, mesmo que você não leve a carteirinha em mãos, leve um comprovante da CBPq que eles vão checar sua licença no site da Confederação. Se você tiver menos de 25 saltos (Aluno em Instrução) você só vai poder saltar com um instrutor da área (e vai ter que pagar por isso), acaba saindo mais caro que no Brasil. Só vão lhe autorizar a fazer saltos solos após o check de Categoria A com as regras americanas da USPA, que incluem além do salto uma série de exigências (desde prova oral até a montagem do paraquedas principal no container e dobragem).

USPA Membership – Esse é outro documento exigido para saltar nos EUA, você precisa se tornar um membro da USPA- United States Parachute Association e pagar uma taxa anual (U$ 74 o primeiro ano, depois U$64 por ano). Você também pode fazer um membership temporário que vale apenas por 3 meses. Mas se sua intenção é voltar aos EUA em menos de um ano faça o anual pois você ganha um ano da assinatura da Revista Parachutist.

Caderneta – Esse é o documento mais importante para um paraquedista iniciante, pois ali está a prova de toda sua experiência até agora, certifique-se que todos os saltos estão preenchidos e assinados. Lembre-se que você estará em uma área diferente onde ninguém lhe conhece, às vezes uma assinatura de um instrutor conhecido pode lhe abrir portas.

Equipamento – Se você está levando seu próprio equipamento não esqueça de checar a data da dobragem do reserva, pois eles vão checar antes do seu primeiro salto. Se você não tem equipo, as principais áreas oferecem aluguel do equipamento completo ou só parte dele (você tem o container e o reserva, mas ainda não tem o principal por exemplo, eles alugam só o principal).  O aluguel é por diária (varia de U$70 a U$100 dólares o completo) e você faz quantos saltos quiser no dia. Quando você aluga o equipamento nos EUA, ao contrário do Brasil, eles lhe entregam o velame principal desconectado do container, ou seja, você vai precisar montar e dobrar (ou dar para um dobrador fazer isso) então conte com esse tempo que vai perder antes do primeiro salto do dia. As lojas também alugam capacete, macacão e altímetro se você precisar.

Dobradores – A área não garante pra você que sempre terão dobradores disponíveis, eles estão lá e você mesmo precisa procurá-los e acertar com eles o serviço para o dia. Já encontramos com alguns que são meio ríspidos e não muito amigáveis, e torcem o nariz pra velame muito grande, se você for com um “Student-260″ então, pode ser que alguns até se recusem a dobrar (ou cobrem mais caro). Em hipótese alguma entregue o velame para eles sem fazer os freios e descolapsar o slider, se você fizer isso eles vão lhe chamar atenção a primeira vez e na segunda vez eles não vão dobrar até que você perceba o esquecimento. Além do preço combinado pela dobragem (que deve ser entre U$6 e U$7), eles sempre vão esperar gorjeta (como tudo nos EUA).

Manifesto – A primeira coisa que você vai fazer quando chegar na área é levar a sua documentação e o equipamento para checar no manifesto (se for alugado não precisa de checagem), você também vai precisar ler e assinar um formulário de regras e em algumas áreas eles até fazem uma gravação sua (áudio e vídeo) dizendo que concorda com as normas da área. Segundo passo comprar os tickets (variam de U$18 a U$27 dependendo da área), em muitas áreas do Brasil você salta primeiro e paga depois, nos EUA você só se manifesta para a decolagem com o ticket em mãos, e uma vez que você se manifeste fique atento as chamadas para a decolagem, pois o avião vai subir na hora exata com ou sem você.

Aeronaves – As grandes áreas americanas usam principalmente os aviões Twin Otter e Skyvan para paraquedismo, além de caber mais gente que no Caravan (Twin Otter cabe 23), elas tem bancos e todo mundo precisa usar cinto de segurança até 1mil ou 1.500 pés, assim como capacetes durante a decolagem.

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Twin Otters e Skyvan em Skydive Perris

Load Organizers – Se você não está indo com um time para treinar, não perca a oportunidade de saltar com os Organizadores da Área, independente do seu nível de experiência eles vão lhe encaixar em algum salto bacana, é uma ótima chance de saltar com gente mais experiente (sem precisar pagar pela vaga deles), se você ainda é um iniciante.

Túnel de Vento – Se você vai treinar no túnel pela primeira vez não exagere, não faça mais de 30 minutos em um dia, o treinamento é cansativo (além de caro), e se você tiver muito cansado não vai render. O ideal é que você reserve blocos de 15 minutos que possa alternar com os saltos durante vários dias. Reservar uma hora inteira para um único dia pode não ser produtivo.

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Diego, Mariana e Anderson com os coaches Waldísio, Silvio e Érika, no tunel de vento em Eloy/USA

Preparo Físico – Se você programou essa viagem só para Skydive, reservou uma boa grana pra isso, se prepare também fisicamente, pois fazer mais cinco saltos por dia, mais túnel de vento pela primeira vez é exaustivo para quem está começando, e você não vai querer perder a oportunidade de saltar só porque está cansado demais né? Afinal, não é todo dia que você vai pagar U$26 em um salto.

Mariana Paraguassu é jornalista, paraquedista, mora na California USA há pouco mais de 1 ano e meio e freqüenta a DZ Perris para aperfeiçoar seus saltos.

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