O Poder do Paraquedismo! Por Paulinho Gesta

Nasci com um problema no coração e sempre soube que teria que fazer uma cirurgia para trocar uma válvula cardíaca, a previsão, era que eu teria que troca-la por volta dos 60 anos. Tive uma vida normal, sempre me exercitei, fazia triathlon, ciclismo, barefoot, musculação e comecei a fazer paraquedismo em 2001, em 2006, resolvi levar o paraquedismo a sério e comecei a participar de boogies, camps, treinamentos, campeonatos de free fly, campeonatos de swoop, me tornei instrutor BBF, instrutor AFF e passei viajar todos os meses para treinar nos EUA. Foi numa dessas viagens que tive minha primeira taquiarritmia, em Sebastian, na Flórida, enquanto procurava na mata meu JFX que havia perdido quando acionei meu reserva.

Voltei para o Brasil, fiz alguns exames e meu médico disse que teria que operar e marcou a cirurgia para dali a 5 meses, mas que até lá eu poderia continuar saltando e me exercitando normalmente. No mês seguinte, fui para o Arizona participar de um Tunel Camp, quando acabou fui passear em Las Vegas e durante o jantar tive outra taquiarritmia, fui para o Sunrise Hospital no dia 29/01/2014 e lá fiquei na UTI por 12 dias. Quando conseguiram estabilizar minha frequência cardíaca, me informaram que eu teria que fazer a cirurgia o mais rápido possível, fui direto para o Rio de Janeiro, no Brasil. A cirurgia seria simples, trocaria o tubo valvar e a válvula, teria que ficar uns 5 dias no hospital e depois fazer 3 meses de reabilitação cardíaca, depois de uns 8 meses poderia voltar a saltar, mas, tive algumas complicações.

Fiz a Cirurgia no dia 20/02/14 que durou 7 horas e foi um sucesso, mas, dias depois, tive alguns problemas com o marca passo provisório, e a última coisa que queria, era colocar um marca passo permanente, pois isso me limitaria a saltar, semanas depois tive uma endocardite, e no dia 01/04/2014 tive que fazer a segunda cirurgia que durou um pouco mais de 10 horas e nessa cirurgia foi colocado um marca passo permanente, mas em um lugar estratégico, a baixo das costelas, para que o marca passo não sofresse nenhuma pressão durante uma abertura mais forte do paraquedas. No dia 14/04/2014 precisei de uma terceira cirurgia, algo mais simples, uma drenagem. Recebi alta do hospital no dia 16/05/14. Foram mais de 3 meses internado no hospital no Rio de Janeiro, desses, 74 dias eu fiquei em uti, nesse período, tive 1 avc, 3 tromboses, 6 paradas cardíacas, endocardite e varias outras complicações.

Durante todos os dias no hospital eu planejava minha volta ao paraquedismo, me programava para participar de camps, montava novos velames, novos containers, novos macacões, mudei a cor do meu capacete, planejava, planejava, planejava, sonhava, sonhava, sonhava e isso me manteve forte e focado.

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Ao começar minha Reabilitação Cardíaca fora do hospital, tive uma melhora incrível logo no primeiro mês, o que assustou as pessoas responsáveis pela minha reabilitação. Preocupados, eles diminuíram meus treinos e me limitaram em algumas coisas, o que me deixou decepcionado, e certo dia, um deles me disse: “Não quero mais ouvir você falar que em novembro vai voltar a saltar, que vai participar de um camp em Sebastian ou qualquer outra coisa desse tipo, não quero que você crie falsa expectativa, pode ser que você volte a saltar só daqui há 1 ano ou nunca mais volte a saltar” depois de ouvir esse comentário, fui para casa triste e desmotivado. Minha esposa, Alê, que sempre esteve ao meu lado, procurou no google “melhor centro de reabilitação cardíaca para atletas do mundo” apareceram alguns, entre eles o Baylor Hospital em Dallas. Ela então enviou um email para lá contando minha história e Jenny e Tim do Baylor, se interessaram pelo meu caso.

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Alessandra (Alê) e Paulinho.

Fomos para Dallas para fazer 3 meses de Reabilitação Cardíaca no Programa “Return to Work” onde Policiais, Bombeiros e Atletas que tinham vida normal e tiveram que fazer uma cirurgia cardíaca voltam as suas atividades normais após participarem desse programa. E foi isso que eles fizeram comigo, foi um treinamento exaustivo 3 vezes por semana das 7:00 as 8:30 tão exaustivo que eu passava o resto do dia deitado me recuperando, mas o resultado foi excelente. Fui o Primeiro Paraquedista a ser Reabilitado por eles, servi de estudo para eles e em troca ganhei os 3 meses de treinamento grátis. No dia 07/11/2014 eu voltei a saltar, como sempre sonhamos enquanto estávamos no hospital. De novembro de 2014 até julho de 2015 fiz mais de 500 saltos. Continuo fazendo minha reabilitação cardíaca, pois o coração ainda não funciona 100%, tenho algumas extras sístoles que tento controlar com remédios, atividade física diária e paraquedismo, sim, PARAQUEDISMO, pois é isso que mais amo na vida, é isso que faz eu me sentir bem, é isso que faz bem ao meu coração, é isso que me faz feliz. Esse é o Poder do Paraquedismo na minha vida.

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Paulo Marinho Gesta de Melo
40 anos
Manaus, Amazonas – Brasil

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