Dicas de pouso para garotas! Por Grace Katz

Nos meus anos de paraquedismo, tenho percebido uma tendência, grande parte das mulheres não tem muito sucesso pousando seus paraquedas. Claro, meninas geralmente pousam e saem andando sem sérios problemas, o que alguns poderiam classificar como pousos bem sucedidos. Entretanto, muitos desses pousos deixam as mulheres machucadas, doloridas ou cobertas de poeira. Esses pousos são realmente bem sucedidos?

Tenho observado que frequentemente meninas pousam com os pés, joelhos, peitos, rosto, mãos… e algumas vezes continuam rolando ou sendo arrastadas até o momento em que o velame perde velocidade. Isso não é bonito e certamente não é confortável. Esse tipo de pouso aumenta o risco de lesões sérias. E francamente, é embaraçoso. Eu sei, eu costumava ser aquela garota sendo arrastada pela sujeira.

Eu também tenho observado mulheres que pensam que apenas levantando as pernas vão fazer um pouso deslizando sentada e acabam caindo forte no chão sobre a bunda. Ouch! Isso pode causar machucados e até fratura no cóccix, e aumenta o risco de lesões na coluna.

Sem aprender a voar e pousar o velame corretamente, é só uma questão de tempo até a gente se machucar.

A boa notícia é que existe esperança para todas nós. Muitas mulheres habilidosas com o velame começaram no esporte com pousos ruins. Essas mulheres aplicaram técnicas e dicas que ajudaram a tornar seus pousos mais seguros, e eventualmente mais eficientes.

Com isso em mente, eu gostaria de dividir o que tenho aprendido para sobreviver em meus pousos.

Existem basicamente três métodos de pousar de forma segura; em pé, deslizando sentada ou fazendo rolamento.

Pousos em pé geralmente requerem correr na velocidade do velame até que ele desacelere. Esteja preparada para correr, mentalmente e fisicamente. O corpo estará suavemente para frente com os pés e joelhos juntos na final. Use o flare em estágios para planar o velame e então finalize o flare esticando completamente os braços e segure os batoques embaixo enquanto você corre. Você deve começar a correr assim que finaliza o flare e toca o chão. Não hesite – corra. Em dias com vento, você pode ser capaz de pousar em pé sem precisar correr, mas sempre esteja preparada para correr.

Se você já tiver jogado softball, o método de deslizar pode ser natural para você. Se não, gaste algum tempo assistindo partidas profissionais de baseball e você vai entender a figura. A ideia de deslizar próximo do chão até que o velame perca a velocidade vai diminuir o impacto do seu corpo. Isso requere tocar os calcanhares primeiro, devagar vá transferindo o peso para trás e para o lado das pernas e um lado da bunda. Sinta o impacto nos pés e em seguida mais suave nas pernas e bunda, ao invés de bater juntas e ligamentos. Esteja certa de sempre completar o flare esticando completamente os braços e segurando na posição enquanto desliza.

Lembra do método de rolamento ou aterragem, que foi ensinado nos seus primeiros saltos? Isso funciona, mas não é muito confortável. Mas, o método tem provado ser muito eficiente para proteger paraquedistas de lesões causadas por pousos. O rolamento é uma técnica essencial para pousar com segurança em situações adversas, como pousar em locais desconhecidos (por exemplo: fora da área) então é importante lembrar dessa técnica, e mesmo praticar ocasionalmente no chão para que seja familiar e instintivo se/quando você precisar usá-lo.

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Para colocar esses métodos em prática, eu perguntei para várias amigas que tenho visto progressivamente pousar melhor e melhor como elas faziam. O que ajudou a melhorar as suas habilidades e por quê agora elas fazem pousos bem sucedidos? O que aconteceu para que elas voltem da área pouso sem estarem cobertas de sujeira?

Eu recebi algumas dicas interessantes:

Fique furiosa: Eu ouvi de muitas meninas que antes se machucavam com frequência que chegou uma hora que elas ficaram furiosas com elas mesmas ao ponto de REALMENTE fazer o flare completo nos seus velames… então faça o flare com atitude!

Fale com você mesma: Eu sei que muitas de vocês fazem isso, porque eu mesma faço… nós falamos com nós mesmas de uma forma muito negativa, como “eu afundei porque eu estou gorda” e “eu não posso correr então eu sei que vou cair sempre”. É hora de trocar esses pensamentos negativos com “Eu posso fazer isso” e “Eu vou fazer um flare completo no meu velame” ou “ainda não, ainda não, flare”. Pratique falar pra você mesma palavras positivas e de incentivo.

Visualize o sucesso: Visualize você mesma pousando corretamente e falando com você mesma de forma positiva. Sempre imagine um flare completo e a sequência para um pouso bem sucedido.

Esteja preparada: Se você for pousar com vento de cauda ou de través esteja preparada para fazer um rolamento. Sim, você talvez fique toda suja ou até machucada, mas o rolamento vai salvar você de uma lesão mais séria. Sempre posicione pés e joelhos juntos na final da sua navegação e esteja pronta para rolar se necessário.

Tenha um plano: Sempre tenha um plano e siga completamente ele. Claro, tenha também um plano alternativo, como o rolamento, se as condições mudarem o seu plano inicial.

Não desista: Às vezes nós largamos os batoques antes de completar o flare ou de o velame ter perdido a velocidade completamente. Isso é uma tentativa, consciente ou não, de livrar as mãos para estar pronta para cair ou se chocar. Não desista do flare e faça isso como se ele fosse prevenir sua queda. Além do mais, lembre que essa reação antes de se chocar com o chão só aumenta o risco de punhos, mãos e braços lesionados. A posição de rolamento inclui mãos completamente estendidas com os batoques e posicionadas no centro do corpo.

Faça o flare em dois estágios: Faça o flare até sentir que o velame está planando, você vai sentir que está flutuando. Aguente ao máximo nesse estágio até sentir o velame desacelerando e que esteja quase tocando o chão, nessa hora complete o flare. Esse método de flare com estágios vai suavizar o pouso e desacelerar o velame o suficiente para que não seja necessário uma corrida excessiva. Pratique o flare em estágios quando estiver em altitude para sentir como o velame flutua e o tempo de completá-lo. Uma vez que você se sinta confortável com isso no ar, faça um hop-and-pop solo e pratique de olhos fechados. Isso é seguro enquanto você tiver espaço aberto (assegure-se que você é a única pessoa navegando no momento) e estiver acima da altitude mínima decisiva. Tirar a visão significa que você está mais em sintonia com os seus outros sentidos, como tato e audição. Você vai sentir que está planando e vai notar que vai ficar mais devagar.

Não tenha pressa para diminuir o velame: Nós todos escutamos que quando somos paraquedistas experientes temos que ter o wingloading de 1:1 ou mais alto, devido ao nosso nível de experiência. Nem todos os wingloads são iguais. Um velame de 190 pés vai ser mais dócil com um wingload de 1:1 do que um velame de 120 pés. Velames menores tem linhas mais curtas e tem performances mais agressivas. Fabricantes de velames consideram qualquer velame abaixo de 135 pés um velame de alta performance. Para escolher o tamanho do velame leve em consideração o peso total em queda livre, incluindo o peso do corpo mais todo o equipamento e cinto de peso se você usar um, assim como a experiência e o nível de habilidade. Não existe lado ruim em saltar com um velame maior e pousar bem. Mas existe o lado ruim em saltar com um velame menor e se machucar. Nas palavras de um paraquedista veterano que tem saltado há mais tempo que a maioria de nós sequer existia “Ninguém nunca morreu porque o velame era grande demais. Muitos tem ficado seriamente machucados ou morreram porque o velame era muito pequeno para as habilidades do paraquedista.”

Faça um curso de pilotagem: Esses cursos ensinam habilidades além das que você aprendeu como aluno AFF. Eles vão ensinar você como recuperar um velame estolado, como chegar na área de pouso após um lançamento fora da área, ou como pousar em uma área pequena se tiver que pousar fora e não tiver o luxo de encontrar uma área grande. As coisas que você aprende em um dia de curso de pilotagem vão ajudar você em anos de paraquedismo, e talvez um dia salvem você de um machucado. Um coach respeitado de pilotagem uma vez me aconselhou, “faça pelo menos 500 saltos em um velame que você sinta que está no tamanho certo, porque você vai aprender como extrair performances incríveis desse velame mesmo que outros estejam dizendo que ele é muito grande para o seu peso. Velames podem alcançar altas performances com qualquer wingload se você voar ele corretamente.” Isso definitivamente vale o custo e um dia do seu tempo para ganhar um conhecimento valioso!

Compense para pousar com vento de través: Se tiver um vento de través a melhor opção para pousar é tentar compensar ao máximo o velame, e sempre estar preparada para o rolamento. Compensar o velame quer dizer manter o velame voando reto na direção final do pouso padrão. Para alinhar, talvez você precise puxar ¼ ou ½  um dos tirantes, talvez até mais para manter o velame voando a linha reta padrão. Tentar seguir o ângulo do vento na aproximação final aumenta o risco de colisão de velames, uma vez que outros podem estar tentando fazer o pouso padrão paralelo a você. Além disso, em um vento de través forte, um flare completo com as duas mãos talvez leve você para a direção do vento, resultando em um rolamento (se você estiver preparada) ou um pouso descontrolado. Com os batoques compensando o vento de través, puxe uniformemente até que a mão mais baixa esteja completamente esticada, o que vai manter o velame no nível ao invés de lançar você na direção do vento.

Em resumo, aqui estão algumas dicas rápidas para melhorar o pouso:

– Observe paraquedistas que constantemente fazem pousos bem sucedidos. Veja a posição corporal e as técnicas;

– Tenha um plano e siga até o final;

– Visualize o sucesso e pratique falar com você mesma positivamente;

– Não desista! Termine o flare;

– Aprenda o flare em dois estágios e pratique em cada salto;

– Sinta o momento em que o velame plana;

– Comece mais cedo e termine mais tarde. Não puxe os batoques em um movimento muito rápido. Comece mais alto para um movimento mais suave, com ele planando para o ponto de pouso, e termine com os braços completamente estendidos no momento em que for tocar o chão;

– Planeje um bom padrão de navegação e trabalhe na precisão em cada salto;

– Pratique o rolamento para os momentos que precisar.

Artigo Original em Inglês “Landing tips for Chicks”

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Grace Katz é Paraquedista Argentina, mora nos EUA e é Load Organizer da área Skydiving Perris na Califórnia.

 

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